
Transformação Digital e Investigação Académica dão nova vida à Indústria
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07 Outubro 2025
30 Maio 2025
A instabilidade geopolítica e económica está a criar um ambiente de incerteza que impacta diretamente a indústria de moldes. A intensificação de políticas protecionistas, as barreiras comerciais e os custos acrescidos dificultam o acesso a mercados estratégicos, reduzindo a competitividade e levando ao adiamento de investimentos. Além disso, a transição da indústria automóvel para a mobilidade elétrica tem pressionado o sector, exigindo novas competências e elevados investimentos em inovação e tecnologia. A necessidade de adaptação tornou-se crucial num cenário onde a evolução dos processos de produção e as exigências ambientais estão a redefinir as regras do jogo. Perante estes desafios, as empresas não baixam os braços e apostam na diversificação para garantir a sua sustentabilidade.
Por Helena Silva
Num sector em constante transformação, a incerteza e os desafios são uma realidade para a indústria de moldes portuguesa. Para Luís Lima, da SteelPLUS, a sobrevivência e o crescimento exigem adaptação, investimento e uma agressividade comercial sem precedentes.
"O maior desafio que temos enfrentado, ano após ano, é conseguir vender moldes, dentro de valores para os quais nos temos de adaptar em termos de processos de produção, de forma a conseguir manter alguma rentabilidade", defende. A pressão sobre os preços e a necessidade de otimizar processos têm sido uma constante nesta indústria, mas assumem hoje um papel determinante, numa indústria que enfrenta uma concorrência feroz e margens cada vez mais apertadas.
"Estando Portugal fortemente equipado para a produção de moldes em quantidades consideráveis, somente a indústria automóvel tem dimensão e diversidade para alimentar esta indústria de produção”, afirma, considerando que “a escassez e a diminuição do número de peças plásticas neste sector, quer a sua deslocação para outros mercados de produção, penaliza fortemente a nossa indústria". É que, sublinha, a transição para um novo modelo de mobilidade tem reduzido significativamente a procura por moldes na indústria automóvel, obrigando as empresas a repensar estratégias e a procurar alternativas.
Face a este cenário, não tem dúvidas de que a solução passa pela diversificação. "Desde há mais de 10 anos que a SteelPLUS aposta, pelo menos, 15 % do seu volume de negócios para promoção da empresa, principalmente para sectores fora do automóvel. Este caminho é longo, demora o seu tempo e, no final, depois de apresentarmos os meios tecnológicos cada vez mais presentes no nosso processo de fabrico, o que impera para se entrar em novos clientes continua a ser o preço", esclarece.
Contudo, no seu entender, não há outra alternativa possível.
Defende, por isso, que o investimento em tecnologia e eficiência é o caminho para garantir um preço competitivo e permanecer em sectores altamente exigentes: "muito investimento interno, quer em tecnologia, quer em recursos humanos, quer em otimização de processos”. Para se manterem competitivas, as empresas devem apostar em sistemas internos de suporte para fundamentar decisões estratégicas e garantir a sustentabilidade do negócio. Mas não só. É imperativo não descurar outro aspeto: a agressividade comercial. É que, afirma, “o mundo é imenso, seguramente existe mercado para nós".
"Atendendo a que já temos muita capacidade de produção instalada, conhecimento na produção de moldes e constante preocupação de otimizar os processos de produção, é necessária muita agressividade e atitude comercial. Penso que existe ainda muito a fazer nesta área", enfatiza. Por isso, na sua perspetiva, a promoção internacional é uma questão essencial.
Luís Lima destaca o papel fundamental de organismos como a CEFAMOL, mas defende que é necessário um novo branding do sector e uma abordagem mais impactante. "Sem dúvida que a promoção do sector de moldes, representado pela CEFAMOL, assume uma importância crucial para a promoção internacional. Contudo, não nos podemos esquecer que existe muito a fazer nesta área", salienta. Feiras conjuntas, marketing digital agressivo e, a nível tecnológico, sistemas CRM são algumas das estratégias que devem ser exploradas, no seu entender.
“Não creio que o sector esteja a passar por uma fase temporal de estagnação e com uma possível retoma futura. Entendo que esta indústria já há muito tempo atingiu a sua maturidade e há mais de uma década que está em declínio irreversível”, considera Luís Lima, para quem as constantes do mercado são claras: "preços baixos, prazos curtos e alta qualidade exigida”. Ora, no seu entendimento, estas constantes “vieram para ficar”.
Sendo uma indústria by demand, a capacidade de criação de um novo modelo de negócio é limitada, adverte. Contudo, há estratégias para manter a competitividade. "Uns, tentam associar-se à China, fazendo importação de moldes ou parte dos elementos como forma de manter a competitividade; outros continuam com fortes investimentos na tentativa de também serem cada vez mais ser competitivos. Outros, ainda, tentam a especificidade de um certo tipo de moldes, outros a diversidade de produto e de serviços, e outras tantas alternativas", enfatiza, considerando que independentemente da estratégia escolhida, o fator decisivo para a sobrevivência é claro: "Qualquer que seja a estratégia de cada fabricante de moldes, é certo que hoje e no futuro, tudo tem que ser executado com extremo profissionalismo e elevada competência". Só dessa forma a indústria manterá a sua competitividade e assegurará o seu futuro.